A ACAM foi fundada em 2007, por um grupo de jovens
católicos do bairro da Mafalala que a partir da Igreja Católica da Munhuana,
onde se juntavam todos os domingos, viram a necessidade de criar uma
organização a nível da comunidade para intervir para além dos núcleos da Igreja
ou seja uma Organização Juvenil Social. “Somos uma Organização Comunitária de Base
(OCB), porque sentimos que é uma responsabilidade civil, de nós os jovens,
fazer algo para o bem do nosso bairro”, refere Job Mutombene. Foi assim que a
ACAM teve a sua primeira Assembleia Geral no dia 12 de Setembro de 2007, e no
mesmo dia foi legalizada a Associação tendo também, nesse mesmo dia, sido
eleitos os seus membros e corpo directivo.
O
principal objectivo desta Associação é contribuir para melhorar as condições de
saneamento e reduzir o nível de delinquência juvenil no bairro através de
actividades que ocupem os jovens. Mafalala é um bairro com índices elevados de
desemprego de jovens. Outro grande foco desta organização é o de ajudar a
melhorar as condições de vida das pessoas carenciadas sem deixar de lado a Educação
Cívica das comunidades em relação ao meio ambiente.
Segundo o nosso entrevistado, no melhoramento das
condições de vida, a ACAM dota homens, mulheres e jovens (adolescentes) de
habilidades para a vida, para que possam singrar na vida. Há exemplos de
senhoras que eram desempregadas e que participaram em cursos de corte e costura
promovidos pela ACAM e hoje são monitoras auto remuneradas, produzem serviços e
ensinam aos outros criando assim condições para o auto sustento em mais
famílias.
O
bairro de Mafalala em 2011 beneficiou-se através de um apoio da WSUP (Water and
Sanaitation for Urban Poor) à AdeM, de uma extensão da rede terciária de
abastecimento de água mas, devido a um problema de falta de água no centro
distribuidor que abastece este bairro, o bairro, mesmo com a extensão da rede,
continuava a enfrentar sérios problemas de falta de água. Muitas famílias
percorriam longas distâncias dentro do bairro para ir buscar água. Isso fez com
que a AdeM procurasse soluções para este problema.
Após a
conclusão do projecto “Maputo Water Supply” a capacidade de abastecimento de
água ao bairro melhorou significativamente, mas em vez de resolver o problema,
assistiu-se a um bairro inundado pela água que saía dos tubos a tal ponto que
chegou a ser chamado “Rio Mafalala”. Por todos os lados do bairro havia fugas e
perdas de água, os tubos de água subterrâneos jorravam água por todos os cantos
do bairro. Esta situação desesperava os moradores porque, com toda esta água a
jorrar pelo chão, eles ainda continuavam com problemas de falta de água nas
suas torneiras. Para sair dessa situação, as pessoas começaram a cortar os
tubos para tirar água e era normal ver filas enormes de mulheres e crianças à espera
de tirar água dos tubos cortados ao longo do bairro. Pareciam filas para fontanários
públicos mas tratava-se de “fontanários de tubos cortados”.
Quando começámos com a implementação do Projecto de Geo-referenciamento,
projecto que teve o financiamento do “The
Coca-Cola African Foundation (TCCAF)” tendo a implementação sido feita numa
parceria entre a AdeM e a WSUP com a contratação da ACAM para o trabalho
comunitário, consistindo este projecto na identificação de
fugas e levantamento dos clientes da AdeM, as pessoas não acreditavam que ia
dar certo. Muitas pessoas chegaram até a dizer que preferiam ir buscar água no
vizinho ou nos tubos do que esperar pela solução daquele problema. Já não
tinham esperança que o seu bairro pudesse recuperar a sua beleza e acima de
tudo de ter a água disponível nas suas casas.
Os
activistas, em coordenação com a WSUP e a AdeM, iam fazendo o levantamento em
equipa porta a porta enquanto marcavam os locais com fugas de água usando o
Smartphone e o GPS identificando-as desta forma. Estes, tinham que atravessar
charcos de água, “lagoas” e tubos cortados para fazerem o seu trabalho. Após a
identificação, os activistas tinham que informar a AdeM para ir resolver o problema.
Felizmente a AdeM dava uma resposta rápida na resolução do problema o que
contribuiu em grande parte para o sucesso desta actividade.
Assim,
em pouco tempo o bairro da Mafalala deixou de ter lagoas e tubos cortados dando
espaço para um bairro seco sem problemas de água pois uma das soluções para
este problema foi fazer transferências para os tubos novos e eliminar os tubos
cortados.
Um dos
aspectos positivos deste trabalho foi o facto de que ajudou a legalizar muitas situações
de ligações ilegais, e promoveu novas ligações domiciliárias (uma vez que os
activistas foram munidos de conhecimentos para transmitir às comunidades sobre
os requisitos necessários para se fazer novas ligações). Também melhorou a
pressão da água que chega ao consumidor e a qualidade da mesma através de
transferências feitas para a nova tubagem. Para além de arranjar novos clientes
para a AdeM também serviu para identificar, na comunidade, potenciais beneficiários
para o projecto de Saneamento, Community Led Total Sanitation (CLTS) que está a
ser implementado pela WSUP no bairro da Mafalala.
Para a ACAM esta actividade ajudou a melhorar
habilidades da sua intervenção usando o smartphone. Foi uma experiência nova, que
não é manipulável como os inquéritos escritos. Também aprendemos a usar o GPS.
Este foi um método de trabalho que vai ser benéfico para futuros trabalhos e levantamentos
de base no bairro da Mafalala e não só, concluiu Job Mutombene no final desta
partilha sobre a sua experiência e o papel que a ACAM tem no bairro da Mafalala.